Povo Ingarikó
Povo de ramo lingüístico Karib, a
denominação Ingarikó é de origem Makuxi, que quer dizer “Gente da mata
espessa”, por viverem isolados na região da "mata serrana", mantendo
relações mais regularmente com seus semelhantes que, em maior número,
vivem na Guiana, do outro lado da fronteira. Aliás, o isolamento tem
sido a característica deste povo, embora mantenham contato intermitente
com brancos nos tempos atuais.
Esse povo autodenomina-se Kapon,
raramente Ingarikó, diferenciando-se dos Pemon. Vivem, atualmente, no
limite Norte do estado de Roraima, nas serras limítrofes do Brasil com a
Guiana e a Venezuela, precisamente no município de Uiramutã dentro do
Parque Nacional “Monte Roraima”. Esta comunidade é constituída por 07
(sete) malocas, que são denominadas de: Serra do Sol, Mapaé, Awendei,
Sauparú, Kumaipá, Pipi e Manalai, com uma população entre crianças e
adultos de 884 pessoas.
Vivem da caça e da pesca e de uma
agricultura de subsistência; como bebida utilizam o caxiri nas
manifestações festivas. Suas residências, distribuem-se pelas margens
encachoeiradas do rio Cotingo. Na medida em que avança para a Serra do
Sol, onde está a maior comunidade Ingarikó, em direção ao Monte Roraima,
vai-se distanciando a relação deles com a sociedade nacional. Ainda
mantêm fama entre seus vizinhos de serem perigosos, fazendo uso da
entidade "kanaimé" para amedrontar os “parentes”.
Os Ingarikó praticam uma religião
sincrética chamada areruia. O culto é conduzido por um sacerdote,
chamado por eles de "pastor". O areruia cobre uma parte considerável das
atividades diárias dos Ingarikó. Uma pequena excursão, por exemplo, é
precedida por uma prece dessa religião sincrética. Assim o é também,
quando da partida de um visitante ou outras atividades corriqueiras. Mas
não são todos os habilitados para a incumbência de ser pastor, o que o
torna uma personalidade rara e respeitada. No desempenho de sua função,
caminha de uma aldeia a outra, chegando a atravessar a fronteira
Brasil/Guiana para prestar serviços religiosos entre os Kapon do outro
lado. É ele quem estimula também a construção de templos – Igreja -,
casas que não se diferenciam daquelas que os índios habitam, a não ser
um lugar reservado aos cultos.
O governo guianense reconhece o areruia.
Há também uma bebida de alto teor alcólico produzida a partir da
mandioca, batata doce ou do milho. Consumida por todos os grupos
indígenas de Roraima. O espírito opressor e violento, parte da mitologia
dos índios do nordeste de Roraima como uma religião dos Kapon e dos
demais grupos indígenas habitantes da região do rio Mazarune e
cercanias.É também da mata que os Ingarikó retiram toda matéria-prima necessária para confeccionar o seu artesanato. Esses índios são conhecidos pelas suas cestarias feitas de cipó titica e fibra de arumã. Seu artesanato é muito bonito, de grande procura por turistas brasileiros e estrangeiros.